A Fundação Simão José Silva

Pioneirismo

Um Museu a Céu Aberto - carinhosa referência a Cataguases, município mineiro da Zona da Mata Leste, com aproximadamente 70 mil habitantes e que expressa, desde o inicio do século XX, parte do cenário artístico/cultural brasileiro. Seja pelo movimento literário que originou a Revista Verde na década de 1920, paralelo aos sets de Humberto Mauro, no ciclo pioneiro do Cinema Nacional, seja pela arquitetura, disseminada pelas edificações e painéis Modernistas nos idos anos 1940.

E foi em Cataguases que o empresário e amante do Teatro Simão José Silva descobriu a então segunda maior reserva de bauxita do país. Nascido em Rio Piracicaba MG, Simão iniciou sua vida acadêmica no Colégio Arquidiocesano, em Ouro Preto MG. Lá, através do Grêmio Literário Tristão de Ataíde, teve o primeiro contato com o Teatro, paixão que levaria aos bancos do curso de Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal de Ouro Preto, até sua formatura, em 1958. Daí em diante, dividiu o amor pela arte com a carreira empresarial. Chegou em Cataguases em 1960 e na cidade constituiu sua família. Assumiu a Indústria Química Cataguases (atualmente Grupo Bauminas) e desenvolveu processos de fabricação do sulfato de alumínio utilizando a bauxita como matéria-prima, fato que eternizaria a empresa como referência na história moderna do minério no Brasil.

Mas no produtivo solo cataguasense, Simão José Silva encontrou não apenas um viés para o progresso econômico do município. Sentiu um ambiente favorável às realizações socioculturais, como na juventude de escola. E então, em 9 de maio 1984, idealizada pelo próprio Simão, surgiu a Fundação Cultural Francisco Inácio Peixoto (FUNFIP).


Grandes Realizações

Ainda em seu primeiro ano de existência, a FUNFIP deu o passo inicial em subsídios que promoveriam a cultura na cidade. Atuou ao lado da Embrafilme e Prefeitura Municipal de Cataguases, no lançamento da “Mostra Humberto Mauro”, excursionada por 34 cidades brasileiras.

Em 1985, realizou a “II Mostra Articultural de Cataguases”, com destaque para a apresentação do espetáculo de dança "Terra", as peças "Escola de Mulheres", encenada no Rio de Janeiro e Cataguases, "A Bruxinha que não queria ser Bruxa", e a exposição de pinturas da Coleção Particular do marchant Cairú Telles. Também no mesmo ano, numa co-produção com a empresa Rossana Ghessa Produtora Cinematográfica, apoiou a produção do Documentário “Jorge Amado: Uma Leitura nascida em 30”. Registro de vida e obra do romancista baiano.

Já profundamente integrada à atmosfera cultural e educacional da cidade, a FUNFIP patrocinou, em 1987, com significativa repercussão, a apresentação das peças: "Escaravelho Mágico" e "O Vôo dos Pássaros Selvagens", no palco do Anfiteatro da Escola Estadual Manoel Inácio Peixoto (Colégio Cataguases). A partir de então, outros eventos e companhias vieram a se beneficiar do apoio da instituição, que também instalaria temporariamente um curso de Arte Teatral em Cataguases.

Apoiou a executou o plano de obras e reformas no Salão de Teatro do Colégio Cataguases. Além de desenvolver, na cidade do Rio de Janeiro, o espetáculo “Rosa, um musical brasileiro” no Teatro Villa-Lobos, e o projeto "Teatro Galeria Astor", hoje transformado, pelo Grupo da Estação, em duas salas de cinema.

Visando notoriedade ao nome da cidade, em 1989, um processo de transição: a instituição passou a atender pelo nome Fundação Cultural Cataguases. Viabilizou, em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Educacional, sob auxílio da Secretaria de Cultura do Estado e Ministério da Cultura, o projeto "O Pequeno Artista" cuja finalidade se dava pela promoção e difusão da educação, artes e cultura em áreas de risco social na cidade de Cataguases. Em 2002, desenvolveu, ao lado da Fundação Cultural Ormeu Junqueira Botelho, o projeto "Centro Cultural Humberto Mauro", no antigo Cine-Machado.


Novos ares, novos rumos

Como forma de homenagem, em abirl de 2004, após o falecimento de seu mentor intelectual, a entidade passou a se chamar Fundação Simão José Silva, inaugurando, no mesmo ano, a Praça Simão no Bairro Bela Vista e executando, em parceria com o Instituto Francisca de Souza Peixoto, o projeto esportivo Tibum (de natação) e a reforma da Escola Municipal Carmelita Guimarães, implantando um Telecentro para inclusão digital de seus estudantes.

Andréia Barbosa Silva (filha caçula de Simão) assumiu a presidência da instituição e idealizou e inaugurou sua nova sede, a Casa de Cultura Simão, dando prosseguimento ao honroso legado do pai na direção da instituição cultural há mais tempo atuante em Cataguases.

O epaço possibilitou a realização de festivais, exposições, oficinas de capacitação em música, dança, artes cênicas e artes plásticas, além da apresentação de espetáculos teatrais e shows musicais. Sempre objetivando a criação de um espaço de interlocução, visando a diversidade cultural como insumo para a formação cultural individual e coletiva de nossa região, desde então foram promovidos mais de 70 eventos culturais, envolvendo cerca de 300 artistas e técnicos de diversas partes do Brasil, com 358 alunos participando dos cursos e oficinas gratuitos, além de um público total de aproximadamente 12 mil pessoas.

É a continuação de uma soma de ações e intenções que sempre teve como meta potencializar os talentos culturais e esportivos locais, garantir o acesso de nossa população a shows e espetáculos de qualidade, independentemente de sua condição social e econômica, e propiciar a ampliação das trocas e intercâmbios culturais tão essenciais no mundo contemporâneo.